A perseguição aos cristãos na Nigéria — um grito silencioso

Contexto geral
A Nigéria, país com mais de 200 milhões de habitantes e uma complexa composição étnico-religiosa, vive uma escalada grave de violência contra comunidades cristãs. Enquanto parte do conflito envolve insurgência islâmica, parte está ligada a disputas por terra, recursos e etnia — o que torna o cenário ainda mais difícil de decifrar.
Principais dados
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Em 2024, cerca de 3.100 cristãos foram mortos e 2.830 foram sequestrados na Nigéria, segundo o relatório anual da ONG Open Doors.
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Em 2025, uma outra organização afirma que mais de 7.000 cristãos foram mortos nos primeiros sete meses, e mais de 20 mil igrejas ou edifícios cristãos atacados no país.
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Organizações locais estimam que desde 2009 mais de 52.000 cristãos foram mortos, mais de 18.000 igrejas destruídas e pelo menos 2.200 escolas cristãs queimadas.
Formas da perseguição
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Ataques violentos nas comunidades rurais: por exemplo, em abril de 2025, mais de 300 cristãos foram mortos e milhares deslocados em ataques coordenados nos estados de Plateau, Benue, Kaduna e Nasarawa.
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Sequestros e assassinatos de líderes religiosos e fiéis: pastores, seminaristas e comunidades inteiras têm sido alvo de sequestros para resgate ou morte.
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Destruição de igrejas e propriedades cristãs: estima-se que mais de 1.200 igrejas são destruídas a cada ano no país, segundo relatório de 2025.
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Deslocamento em massa: comunidades inteiras têm sido expulsas de suas terras, casas incendiadas, obrigadas a se refugiar em acampamentos internos ou mesmo fugir para países vizinhos.
Agentes da violência
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Os grupos insurgentes islâmicos, como Boko Haram e ISWAP (Estado Islâmico – Província da África Ocidental), são apontados como autores de ataques com motivações religiosas e políticas.
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Milícias de pastores fulani (etnia majoritariamente muçulmana) também têm protagonizado conflitos no centro da Nigéria, muitas vezes vinculados a disputas por terra, água e pastagem, mas com forte componente de perseguição aos cristãos.
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Ação de banditismo, sequestro para resgate e violência generalizada – que alega discriminação religiosa – são parte do quadro.

Desafios de reconhecimento e resposta
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O governo nigeriano sustenta que grande parte da violência decorre de "criminalidade, terrorismo e disputas de terra", não de perseguição religiosa específica.
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Por outro lado, líderes cristãos afirmam que há uma sistematicidade e padrão que aponta para perseguição religiosa: por exemplo, o bispo Wilfred Anagbe disse que a violência "pode dizimar" a presença cristã no país nas próximas décadas.
Por que isso importa
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A liberdade religiosa é um direito fundamental. Quando comunidades religiosas são sistematicamente atacadas, isso degrada o tecido social e gera instabilidade.
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A perseguição de grupos é frequentemente sub-reportada, o que impede respostas eficazes de organizações internacionais, governos e da Igreja global.
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Em um contexto de fé, martírio e sofrimento, ficar em silêncio é correr o risco de negligenciar irmãos e irmãs que, muitas vezes, carecem até de apoio básico.